quinta-feira, 3 de abril de 2014

DIÁRIO DE VIAGEM


Alice

No país das maravilhas,
ela é uma estranha,
eu sempre senti
esse estranhamento.
Quando criança, vi o filme,
um mundo sobrenatural,
cheio de sustos,
de medos,
de segredos.
Assim me pareceu
Alice no País das Maravilhas,
o filme, quando o vi,
pela primeira vez.
Depois, gostei da fábula
de uma menina que se perde
em seus próprios sonhos,
e o pesadelo do mundo
fica, então, tão leve
que tudo que se quer é retornar.
Lewis Carrol devia ser
um homem triste,
até que inventou Alice
- pensa o poeta,
estranhamente triste,
por tudo enfim ser tão real.



quarta-feira, 2 de abril de 2014

DIÁRIO DE VIAGEM


Ar(te)

Uns pintam,
uns fotografam,
uns filmam,
outros tecem e rimam,
pra respirar melhor.

Uns cantam,
uns tocam.
uns dançam,
outros correm e cansam,
pra respirar melhor.

Uns sonham,
uns fazem,
uns param o tempo,
outros semeiam o vento,
pra respirar melhor.

Uns calam,
uns passam,
uns permanecem,
outros morrem
(antes que a dor os mate),
pra respirar melhor.

sábado, 15 de março de 2014

DIÁRIO DE VIAGEM


Fantasia

Amanhecerá
Dia de sol,
Beira-mar,
Manhã de
Maré cheia,
Serei feliz
Ou será
Só ilusão
ocular
Meu dorso
A se reclinar
- Vênus de luz
E areia -
Sobre a cauda
De sereia.

DIÁRIO DE VIAGEM


Viver é bom

Chego a Brasília,
- Que calor é esse, meu Deus,
Tem uma lua linda,
Lua nova soprando brisa fresca.
Que venham as noites frias
Da estação das secas
E que se abra a florada
Exótica do Cerrado.
Brasília,
Acho que é um poema
Que me nasce agora,
Vem cá, dá-me um abraço,
Minha cidade linda.
Deixa-me admirar-te,
Flor digital.
Na imensidão do Planalto.
Deitada à rede de casa,
Penso que é bom viajar
E que voltar
É melhor ainda.
Viver é bom, afinal.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

DIÁRIO DE VIAGEM


Whisky

Poema vai poema vem
e a rima nem nem
nem se importa
se é pobre ou rica
aqui se faz e aqui fica
arranhando meu ouvido
com seu ritmo
metálico de cuíca.
Mas não faz mal,
é carnaval,
desde que tudo
pulse e pisque,
Paulo Leminski.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

DIÁRIO DE VIAGEM


Chez moi

Ressoam no quarto os sons harmônicos
de uma canção. O quarto é o colo,
meu aconchego, onde descansa em paz
o coração. A casa, seu sustentáculo,

Abrigo de anos de história, talhados
em cada vão, em cada rosto emoldurado
nas salas da memória. A casa tem alma,
tem batimentos. Eu quase posso ver-lhe

A aura, ouvir-lhe o curso dos pensamentos.
A casa em verdade é imaterial,
embora se realize na concretude

De uma imagem real. Sobre essa imagem
construo sonhos e teço rimas,
para falar de amor e mais vivê-lo ainda.






quarta-feira, 27 de novembro de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM

AVE, MARIA

Hoje é 27 de novembro. Hoje é o Teu dia, o dia de Tua segunda aparição, Há exatos 183 anos, à noviça francesa Catarina de Labouré, na Capela da Medalha Milagrosa, em Paris. O dia em que aprendemos a pedir o Teu amparo, dizendo: Ó Maria concebida sem pecados, rogai por nós que recorremos a vós, inscrito em Tua medalha, cujo modelo Tu própria o ditastes à Catarina.
Carrego essa medalha pendurada ao peito, meu talismã, e carrego a devoção a Ti, Virgem Maria, em meu coração. Nesse dia em que tive a honra de nascer, quero agradecer a Ti e ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, por tantas graças por mim recebidas ao longo desse pouco mais de meio século de existência. Esses anos de tantas graças e tão poucas dores, esses anos de aprendizagem e bonança.
Contigo quero cantar a alegria de viver, proclamando o amor, a solidariedade e a esperança, tendo ao meu lado a bênção dos meus filhos, a bênção da minha inestimável e numerosa família, a bênção dessa igualmente inestimável e numerosa família de amores e de amigos, cultivada ao longo dos anos.
Hoje é dia de festa. Ave, Maria.