quarta-feira, 10 de maio de 2017

DIÁRIO DE VIAGEM


Amar o Amor

O equinócio
De primavera
É o exato instante
Em que começa
A estação das flores,
E dos amores,
No Hemisfério Norte

(Quando o sol
Cruza a sombra
Projetada da linha
Do Equador, no céu,
E o curvo tempo
Iguala luz
E escuridão).

Então, o milagre
Acontece: Cupido,
O Deus romano
Do amor, espeta
Flechas nos corações
E enamorados
De toda a Terra
Despertam.

No Centro-Oeste
Do Brasil, ao centro
Do Hemisfério Sul,
Embora outono,
Meu coração
Sucumbe ao ritual
E com Tim Maia,
Eu canto: "Te amo,
É primavera".

DIÁRIO DE VIAGEM


Amar o Amor

O equinócio
De primavera
É o exato instante
Em que começa
A estação das flores,
E dos amores,
No Hemisfério Norte

(Quando o sol
Cruza a sombra
Projetada da linha
Do Equador, no céu,
E o curvo tempo
Iguala luz
E escuridão).

Então, o milagre
Acontece: Cupido,
O Deus romano
Do amor, espeta
Flechas nos corações
E enamorados
De toda a Terra
Despertam.

No Centro-Oeste
Do Brasil, ao centro
Do Hemisfério Sul,
Embora outono,
Meu coração
Sucumbe ao ritual
E com Tim Maia,
Eu canto: "Te amo,

É primavera".

sábado, 6 de maio de 2017

DIÁRIO DE VIAGEM

O Grito - Edvard Munch

O Grito

Ontem, um homem
Acelerou um caminhão,
Deixando no meio
Da multidão um rastro
De sangue e membros,
Quebrados feito
Mamulengos.

Ontem, uma mulher
Jogou-se do décimo
Andar do apartamento,
Deixando sentados
Na sala, perplexos,
Mãe, pai, marido
E seus dois rebentos.

Ontem, a polícia
Cercou meninos
Num carro roubado
E cravou de balas
Seus dorsos franzinos.

Ontem, na Itália,
Um barco naufragou
A esperança
E o vasto oceano
Devolveu à praia
Um corpo de criança.

Ontem,
Fez um tempo
Escuro como breu,
Mas amanheceu,
Mas amanheceu,
Mas amanheceu.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Diário de Viagem

Meditação
sobre
Ser e Tempo

Medito,
Contemplo
Ser e estar
No mundo,
Compadeço-me
De mim
E do outro,
Vejo-o em mim,
E nele me vejo,
Semelhante,
Espelho,
Escopo,
Conceito
Universal
E obscuro,
Cujo sentido,
em Heidegger,
É a questão
Fundamental
Da Existência
Do ser
No tempo.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

DIÁRIO DE VIAGEM


Suspiro

Vou ao Beirute,
Digo em silêncio,
Ao mesmo tempo
Em que ouço
O canto dos pássaros,
Uns sons de latidos,
Sussurros, estalos,
Ruídos, ruídos,
E se a gente
Se põe a escutar,
Dá para ouvir a Terra
- Esse indelével Planeta -,
Lentamente, respirar.

            * Beirute, bar de Brasília, na 109 Sul

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

DIÁRIO DE VIAGEM


Quo vadis, Sampa

            (para Caetano Veloso)

"Alguma coisa acontece
No meu coração",
Caetano, meu poeta
Irmão.

Alguma coisa
Súbita e implacável,
Como o fulgor de um raio
Numa tarde de verão.

Alguma coisa cortante,
Lâmina perfurante
Tentando penetrar-me
A carne.

Espasmo de dor
Debaixo do seio esquerdo,
Chegando e metendo medo,
Doendo, fazendo alarde.

"Alguma coisa acontece
No meu coração",
Caetano, meu poeta
Irmão.
E eu peço clemência
Ao Pai e creio,
Creio em milagres.

No milagre do amor
E no milagre da arte,
Na força de uma imagem
Outrora urdida no peito
De um menino.

(Trazia a Bahia na alma
E no corpo, o fogo
Do desejo peregrino.
E via beleza em tudo,
"No avesso do avesso
Do avesso" do olho
Do destino).

Em Sampa, sem céu,
Sem mar, sem face,
Viu o fado cruel
Dos desvalidos
E a força dos
Sonhos de seus
Filhos erguendo
A cidade.

"Alguma coisa acontece
No meu coração",
Caetano, meu poeta
Irmão.
Também eu vejo
Beleza, vejo virtude,
Vejo fuligem
Nos elmos
Dessa engrenagem.

E peço emprestado
Os versos antigos
Que ora reescreves,
Ao som das guitarras
Da contemporaneidade:

São Paulo, "alguma coisa
Acontece no meu coração",
Algo em ti traduz-me,
Quando deito os olhos

Nos mais altos cumes
Das longínquas torres
De concreto armado
Do teu coração.

                Amneres - Diário de Viagem - www.poesiaemtemporeal-amneres

DIÁRIO DE VIAGEM


Quo vadis, Sampa

            (para Caetano Veloso)

"Alguma coisa acontece
No meu coração",
Caetano, meu poeta
Irmão.

Alguma coisa
Súbita e implacável,
Como o fulgor de um raio
Numa tarde de verão.

Alguma coisa cortante,
Lâmina perfurante
Tentando penetrar-me
A carne.

Espasmo de dor
Debaixo do seio esquerdo,
Chegando e metendo medo,
Doendo, fazendo alarde.

"Alguma coisa acontece
No meu coração",
Caetano, meu poeta
Irmão.
E eu peço clemência
Ao Pai e creio,
Creio em milagres.

No milagre do amor
E no milagre da arte,
Na força de uma imagem
Outrora urdida no peito
De um menino.

(Trazia a Bahia na alma
E no corpo, o fogo
Do desejo peregrino.
E via beleza em tudo,
"No avesso do avesso
Do avesso" do olho
Do destino).

Em Sampa, sem céu,
Sem mar, sem face,
Viu o fado cruel
Dos desvalidos
E a força dos
Sonhos de seus
Filhos erguendo
A cidade.

"Alguma coisa acontece
No meu coração",
Caetano, meu poeta
Irmão.
Também eu vejo
Beleza, vejo virtude,
Vejo fuligem
Nos elmos
Dessa engrenagem.

E peço emprestado
Os versos antigos
Que ora reescreves
Ao som das guitarras
Da contemporaneidade:

São Paulo, "alguma coisa
Acontece no meu coração",
E a vida enfim arde,
as torres
De concreto armado
Do teu coração.