sexta-feira, 18 de novembro de 2016

DIÁRIO DE VIAGEM




Inominável

Liguei
E ela despediu-se
Outra vez.

Disse sentir umas
Coisas que não são
Para se sentir.

- Não é normal,
Se não se está
Partindo.

Disse
E o surdo som
Zuniu, profundo.

Eco sem fundo
Ruindo
Dentro de mim.

- Um dia desses,
Uma hora dessas,
Ela vai.

Fez-se enfim
Tal órfão
Verso insípido.

Inóspito,
Sem mãe,
Sem paz.

domingo, 30 de outubro de 2016

DIARIO DE VIAGEM



Poiesis

Cantam aves,
Range a rede,
Ventam ventos
Verdes,
Balançando
Os sinos
De bronze
Pendurados
Na viga
Do telhado,
E esse som
Sagrado,
Misturado à brisa
Sobre a face,
Faz-se enfim
Linguagem,
E traduz-se
Em prece,
Nesses
Versos livres.


terça-feira, 4 de outubro de 2016




Orla Bardot


No meio do caminho tinha uma gaivota. Voava plácida, circundando os mastros dos barcos ancorados à baía por onde passou, certa vez, o furacão Bardot, deixando sua marca indelével eternizada na escultura de pedra, encrustada às margens úmidas da enseada.

Reza a lenda ter a atriz vivenciado ali um grande amor, paixão improvável entre musa e pescador, cujas redes bem-aventuradas em lugar de peixes, trouxera a sereia, saída das telas do cinema para as brancas areias de Iemanjá.

Armação de Búzios cresceu, quase engolida pela fúria imobiliária, pelo fantasma do declínio que corrói o tempo e engole a ilusão, como ensina o ciclo da vida em rotação, mas a Orla Bardot mantém a aura, um ar etéreo de eternidade, suave torpor impregnado no balanço dos barcos ancorados, na névoa do tempo chuvoso de setembro.

Sentar-se com a musa e sonhar com a febre de outros tempos, fechar os olhos, deixar-se estar...


DIÁRIO DE VIAGEM




Orla Bardot


No meio do caminho tinha uma gaivota. Voava plácida, circundando os mastros dos barcos ancorados à baía por onde passou, certa vez, o furacão Bardot, deixando sua marca indelével eternizada na escultura de pedra, encrustada às margens úmidas da enseada.

Reza a lenda ter a atriz vivenciado ali um grande amor, paixão improvável entre musa e pescador, cujas redes bem-aventuradas em lugar de peixes, trouxera a sereia, saída das telas do cinema para as brancas areias de Iemanjá.

Armação de Búzios cresceu, quase engolida pela fúria imobiliária, pelo fantasma do declínio que corrói o tempo e engole a ilusão, como ensina o ciclo da vida em rotação, mas a Orla Bardot mantém a aura, um ar etéreo de eternidade, suave torpor impregnado no balanço dos barcos ancorados, na névoa do tempo chuvoso de setembro.

Sentar-se com a musa e sonhar com a febre de outros tempos, fechar os olhos, deixar-se estar...

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

DIÁRIO DE VIAGEM


Geopoética

Quando cheguei,
Estranhaste-me
E te estranhei,
Duas aves míticas,
Malditas, presas
Ao concreto armado
De nossas íntimas
Solidões.

Desde ali,
No momento exato
Em que te vi, foste
Pulsão e espelho,
E em tuas asas
Percorro léguas
De existir.



terça-feira, 30 de agosto de 2016

DIÁRIO DE VIAGEM


Hallelujah

Anos 70, onda hippie,
Hare Khrisna,
Paz e amor.

Monges carecas,
De amarelo, cantando
Pelas ruas, hinos.

Anos 70, era Beatles,
Bhagavad-gita,
Rock and Roll.

Meu destino
É tecer palavras,
Creio reveladas por Vós,
My sweet Lord.

       Amneres, 24/08/2016