Sobre indulgência
O irrevelado,
De profundis,
Assim é Deus,
E seus mistérios:
O corpo e o sangue de Cristo
No ato da comunhão,
A fala abissal do silêncio
Descerrando a névoa dos olhos,
O terceiro olho,
O que reza o coração.
Saio à varanda,
Aspiro o ar fresco
Da noite de maio
E quase posso tocar
O sopro ameno
De um todo harmônico.
Corro ao teclado
E escrevo:
O poema me vem assim,
Recendendo a orvalho,
Remido de excessos.
Colho-o como
A uma rosa
De um etéreo jardim.
Colho-o
E vos ofereço,
Em rubras palavras
Impronunciadas,
Exalando um doce
Cheiro de jarsmim.