quinta-feira, 25 de dezembro de 2014
DIÁRIO DE VIAGEM
Natal
Recolhe os cacos
Do teu coração
Partido e os expõe
Ao calor do sol
Dos trópicos,
Para dourar,
À beira-mar.
Junta-lhes então
Uma porção de sal
Colhida das águas
Que te lavam os olhos
E te salgam o corpo,
Banhado pelo
Azul Atlântico.
Assiste-os derreterem-se
E outra vez fundirem-se
Em cristal translúcido,
Forjado no milagre
Da luz de dezembro,
Exatamente à meia-noite
Da véspera do Advento.
E enfim verás,
Quando o galo cantar,
À primeira hora
Do dia vinte e cinco,
O teu peito arfar
Ante a esperança
Que quebra a casca
Do ovo e nasce,
Pois que se faz Carne
Para a ti igualar-se
E alçar-te ao gozo
Do Verbo divino.
terça-feira, 9 de dezembro de 2014
DIÁRIO DE VIAGEM
Nebulosa
O poema morreu
Junto com tudo
O que pensava
Saber sentir.
Passou anos
Tentando resgatá-lo
E a inocência,
Até então intacta.
Tentou rimar
Amor e dor,
Dizer outra vez
Do mesmo,
Repetir-se,
Repetir-se,
Repetir.
Um dia, acordou
Sem palavras,
Um mundo todo
Folha em branco
A se definir.
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