Madri
Ganhei uma flor de papel
De um gajo italiano,
No Mercado São Miguel.
Seus olhos guardavam
A cor do Mediterrâneo.
No tablado de Espanha, eu vi:
Sapatos, palmas, melodias.
Ritmos de dores,
Mortes, amores,
Ecos de Andaluzia.
Olé, gritavam os gitanos,
Em meu canto imaginário.
Na Plaza de Toros,
Os animais abatidos
E a multidão em frenesi.
Bárbaro espetáculo ao qual
Não pude assistir.
De olhos vendados,
Sorvi sabores
De tapas e sangrias.
E quis morrer de amores,
E vi jorrar o sangue
De Guernica, em agonia.
Olé, gritavam os gitanos,
Em meu canto imaginário.
Eu vi Quixote partindo
Em seu cavalo,
E antigos reinos santos,
Por El Greco retratados.
E vi-te ardendo em chamas,
Sob o reino de Picasso
E em distorcidas formas,
No universo de Dali,
Foi quando, Espanha,
Mais eu te entendi.
Olé, Cidade almodovariana,
Madri e seus relicários.
Olé, gritavam os gitanos,
Em meu canto imaginário.