sábado, 5 de outubro de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM


Sobre raízes

Ouço em transe os ecos da memória
da canção martelando em minha mente,
como um mantra, um refrão onipresente
nos nascidos da nordestina história,
ouço os feitos de maldição e glória
pela voz dos sertões multiplicado
no cordel de um martelo agalopado
que em meu peito cavalga livremente,
e é por isso que vivo tão somente
para enfim livremente recriá-lo.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM



Poetweet 47 – Fecho os olhos e sorvo seu beijo úmido, seu fluido hálito, seu raro encanto, submisso corpo imerso no corpo mítico do Atlântico.


terça-feira, 20 de agosto de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM


Poetweet 46 – Sopra uma brisa suave e fria na pele da tarde seca,  rachada, arrepiada do cerrado de meu peito, trêmulo de amor e de saudade.

sábado, 17 de agosto de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM






Poetweet 45 – A gata se enrosca na mão que se enrosca na gata; e a vida se enrosca sobre si mesma, e nas cismas da manhã, preguiçosa e erma.

DIÁRIO DE VIAGEM



Poetweet 44 - Tempo de contemplar o mundo pelas pupilas dos olhos do vento, a língua em silêncio, aranha tecendo sua teia no corpo do tempo.

sábado, 10 de agosto de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM






Sobre meu pai

Olho o tempo azul,
quente e seco do cerrado
e lembro-me do homem velho,
digno, de boné, suspensório
e camisa de sábado.
Porque era sábado
aquele dia em minha memória,
véspera do Dia dos Pais,
exatamente como agora.
E foi ali, naquela adega,
escolhendo os vinhos
do almoço, logo mais,
em sua casa, que, há um ano,
despedi-me de meu pai.
Dias depois, ele se foi
e aquela conversa alegre
com o dono da adega
– ambos a comemorarem a vida,
entre histórias e passagens
de suas memórias –
é a última cena
de que me lembro.
E que descanse em paz –
rezo e me despeço do momento,
pois que outra cena do convívio
entre papai e mamãe
já me arrebata o pensamento.
Que lhe sejam perdoados
seus pecados – completo
a oração, com um sorriso,
enquanto desenha-se
em minha memória,
como um quadro bíblico,
a cena de uma extensa
lista de pecados
apresentada a papai
pelo próprio São Pedro,
a barrar-lhe a porta do céu.
Fecho os olhos e quase
posso ouvir o riso maroto
de mamãe, que adorava
fazer-lhe essa ameaça.
E o mais engraçado
é que ele – já velhinho –
morria de medo do castigo.
Íntegro, homem de fé
e de princípios,
meu pai era um eterno
apaixonado: por mamãe,
pela política, pela vida.
Por isso, hoje, nesse dia
de saudade e de bonança,
quero dizer que dele herdei
essa paixão e que, por isso,
sou-lhe grata, também
por tê-lo tido como pai,
a imprimir-me
força e esperança.
- Fica com Deus,
papai, e pede luz
para cada um de nós
que guarda teu legado
na lembrança.



quinta-feira, 4 de julho de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM


Poetweet 43 - Além da dor, além da solidão do féretro, nas partidas; há o amor, chama inextinguível, a nos guiar, na comoção das despedidas.