sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017
DIÁRIO DE VIAGEM
Suspiro
Vou ao Beirute,
Digo em silêncio,
Ao mesmo tempo
Em que ouço
O canto dos pássaros,
Uns sons de latidos,
Sussurros, estalos,
Ruídos, ruídos,
E se a gente
Se põe a escutar,
Dá para ouvir a Terra
- Esse indelével Planeta -,
Lentamente, respirar.
* Beirute, bar de Brasília, na 109 Sul
quinta-feira, 19 de janeiro de 2017
DIÁRIO DE VIAGEM
Quo vadis, Sampa
(para Caetano Veloso)
"Alguma coisa acontece
No meu coração",
Caetano, meu poeta
Irmão.
Alguma coisa
Súbita e implacável,
Como o fulgor de um raio
Numa tarde de verão.
Alguma coisa cortante,
Lâmina perfurante
Tentando penetrar-me
A carne.
Espasmo de dor
Debaixo do seio esquerdo,
Chegando e metendo medo,
Doendo, fazendo alarde.
"Alguma coisa acontece
No meu coração",
Caetano, meu poeta
Irmão.
E eu peço clemência
Ao Pai e creio,
Creio em milagres.
No milagre do amor
E no milagre da arte,
Na força de uma imagem
Outrora urdida no peito
De um menino.
(Trazia a Bahia na alma
E no corpo, o fogo
Do desejo peregrino.
E via beleza em tudo,
"No avesso do avesso
Do avesso" do olho
Do destino).
Em Sampa, sem céu,
Sem mar, sem face,
Viu o fado cruel
Dos desvalidos
E a força dos
Sonhos de seus
Filhos erguendo
A cidade.
"Alguma coisa acontece
No meu coração",
Caetano, meu poeta
Irmão.
Também eu vejo
Beleza, vejo virtude,
Vejo fuligem
Nos elmos
Dessa engrenagem.
E peço emprestado
Os versos antigos
Que ora reescreves,
Ao som das guitarras
Da contemporaneidade:
São Paulo, "alguma coisa
Acontece no meu coração",
Algo em ti traduz-me,
Quando deito os olhos
Nos mais altos cumes
Das longínquas torres
De concreto armado
Do teu coração.
Amneres - Diário de Viagem - www.poesiaemtemporeal-amneres
DIÁRIO DE VIAGEM
Quo vadis, Sampa
(para Caetano Veloso)
"Alguma coisa acontece
No meu coração",
Caetano, meu poeta
Irmão.
Alguma coisa
Súbita e implacável,
Como o fulgor de um raio
Numa tarde de verão.
Alguma coisa cortante,
Lâmina perfurante
Tentando penetrar-me
A carne.
Espasmo de dor
Debaixo do seio esquerdo,
Chegando e metendo medo,
Doendo, fazendo alarde.
"Alguma coisa acontece
No meu coração",
Caetano, meu poeta
Irmão.
E eu peço clemência
Ao Pai e creio,
Creio em milagres.
No milagre do amor
E no milagre da arte,
Na força de uma imagem
Outrora urdida no peito
De um menino.
(Trazia a Bahia na alma
E no corpo, o fogo
Do desejo peregrino.
E via beleza em tudo,
"No avesso do avesso
Do avesso" do olho
Do destino).
Em Sampa, sem céu,
Sem mar, sem face,
Viu o fado cruel
Dos desvalidos
E a força dos
Sonhos de seus
Filhos erguendo
A cidade.
"Alguma coisa acontece
No meu coração",
Caetano, meu poeta
Irmão.
Também eu vejo
Beleza, vejo virtude,
Vejo fuligem
Nos elmos
Dessa engrenagem.
E peço emprestado
Os versos antigos
Que ora reescreves
Ao som das guitarras
Da contemporaneidade:
São Paulo, "alguma coisa
Acontece no meu coração",
E a vida enfim arde,
as torres
De concreto armado
Do teu coração.
DIÁRIO DE VIAGEM
Quo vadis, Sampa
(para Caetano Veloso)
"Alguma coisa acontece
No meu coração",
Caetano, meu poeta
Irmão.
Alguma coisa
Súbita e implacável,
Como o fulgor de um raio
Numa tarde de verão.
Alguma coisa cortante,
Lâmina perfurante
Tentando penetrar-me
A carne.
Espasmo de dor
Debaixo do seio esquerdo,
Chegando e metendo medo,
Doendo, fazendo alarde.
"Alguma coisa acontece
No meu coração",
Caetano, meu poeta
Irmão.
E eu peço clemência
Ao Pai e creio,
Creio em milagres.
No milagre do amor
E no milagre da arte,
Na força de uma imagem
Outrora urdida no peito
De um menino.
(Trazia a Bahia na alma
E no corpo, o fogo
Do desejo peregrino.
E via beleza em tudo,
"No avesso do avesso
Do avesso" do olho
Do destino).
Em Sampa, sem céu,
Sem mar, sem face,
Viu o fado cruel
Dos desvalidos
E a força dos
Sonhos de seus
Filhos erguendo
A cidade.
"Alguma coisa acontece
No meu coração",
Caetano, meu poeta
Irmão.
Também eu vejo
Beleza, vejo virtude,
Vejo fuligem
Nos elmos
Dessa engrenagem.
E peço emprestado
Os versos antigos
Que ora reescreves
Ao som das guitarras
Da contemporaneidade:
São Paulo, "alguma coisa
Acontece no meu coração",
Quando olho as torres
De concreto armado
Do teu coração.
Amneres - Diário de Viagem - www.poesiaemtemporeal-amneres
domingo, 15 de janeiro de 2017
DIÁRIO DE VIAGEM
Morte e
Ressurreição
Dentro da noite
Há mistério,
Insones palpitações
No corpo etéreo
Da existência,
Quando fala a alma
Das palavras:
Morte, livro, unção.
Ela acordou poemas
Ocultos nos recônditos
Do seu coração.
Amar é de repente:
Raio, relâmpago, trovão,
Pingos de encanto
E pronto.
Infarto do miocárdio:
Dor aguda no peito
E o risco de partir
sem aviso prévio.
A lua cheia nasceu
Dentro do mar,
Tanta beleza tem voz:
Deus existe
E ponto.
Despedir-se da mãe
É tão triste, tão triste.
Que durma em paz,
Pede em silêncio
Toda vez que parte.
E enfim o dia amanhece:
Levanta-te e anda,
Amneres.
sexta-feira, 18 de novembro de 2016
DIÁRIO DE VIAGEM
Inominável
Liguei
E ela despediu-se
Outra vez.
Disse sentir umas
Coisas que não são
Para se sentir.
- Não é normal,
Se não se está
Partindo.
Disse
E o surdo som
Zuniu, profundo.
Eco sem fundo
Ruindo
Dentro de mim.
- Um dia desses,
Uma hora dessas,
Ela vai.
Fez-se enfim
Tal órfão
Verso insípido.
Inóspito,
Sem mãe,
Sem paz.
domingo, 30 de outubro de 2016
DIARIO DE VIAGEM
Poiesis
Cantam aves,
Range a rede,
Ventam ventos
Verdes,
Balançando
Os sinos
De bronze
Pendurados
Na viga
Do telhado,
E esse som
Sagrado,
Misturado à brisa
Sobre a face,
Faz-se enfim
Linguagem,
E traduz-se
Em prece,
Nesses
Versos livres.
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