III – Cemitério Inglês
Nos primeiros séculos, os ingleses enterraram seus mortos aqui, num pedaço de terra alta do novo mundo, debruçado sobre a Baía de Todos os Santos - penso, ao contemplar a beleza do verde mar de Salvador, daqui do alto da Ladeira da Barra.
Penso na chegada dos navegantes portugueses no longínquo ano de 1501 e no deslumbramento que lhes causou a visão dessa enseada. Era o dia 1º de novembro, Dia de Todos os Santos e por isso foi nomeada assim a Baía que daria nome à primeira cidade brasileira.
Segundo historiadores, conduziam a expedição - enviada por Portugal un ano após o descobrimento - o comandante Gaspar de Lemos e o cartógrafo e escritor italiano Américo Vespúcio, que mais tarde emprestaria seu nome a todo o continente.
Acordo do sonho do Descobrimento e volto às covas desses ingleses que, no século dezenove, com o episódio histórico da Abertura dos Portos, em 1808, também embarcaram na grande aventura de construção de um novo mundo em terras americanas.
Uns eram jovens, muito jovens, outros de meia idade, muitos dos quais vítimas de doenças tropicais. Passeio por seus túmulos e leio suas epígrafes. Segundo historiadores, a leva de ingleses incluía de caixeiros viajantes a engenheiros em busca de novas oportunidades, movidos pelo sonho de felicidade e de riqueza.
E o cemitério, fundado em 1811, veio servir de abrigo exatamente aos mortos dessas e de outras famílias não católicas, já que os católicos se enterravam dentro de suas igrejas. A historiadora inglesa Sabrina Gledhill, radicada em Salvador, afirma que há nesse local uma área ainda não descoberta onde estariam os corpos de marinheiros sepultados em massa.
Posso estar pisando em suas covas, nesse exato momento – penso, e sinto um sobressalto. Então faço uma prece por todas essas almas deitadas sob o sol, em berço esplêndido. Que descansem em paz – recito e agradeço ao Pai eterno a luz de um dia a mais.
Tocante lembrança essa sua, Amneres. Quem também comenta sobre esse cemitério é o Gilberto Freyre.
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