segunda-feira, 27 de abril de 2015

DIÁRIO DE VIAGEM



Nós que amamos Beto

Era um menino lindo, como de resto éramos todos nós, na Brasília dos Anos 80, no século, e mesmo no milênio, passados. Beto para todos, não só para os íntimos.

Ele se distinguia dos outros por aquele olhar sempre para o alto, sempre para o céu, o imenso céu de Brasília, visto do alto do Planalto Central, tão perto, tão íntimo, sem uma nuvem, livre de arranha-céus.

No seu velório, entre tantos rostos amigos, voltei no tempo, guiada por uma estranha alegria de, por algum tempo, com Beto ter convivido. Nós, os seus amigos, reconhecemo-nos naquele encontro, menos triste e mais melancólico, vindos de um tempo em que os sonhos fluíam, a nos unir como a uma tribo inocente a quem lhe deu o destino um mundo novo, pronto a ser construído.

Confesso que me preparei especialmente para a despedida desse amigo que, mesmo que a vida e o tempo nos tenham afastado, permaneceu guardado em meu peito como um tesouro. Como são, enfim, tesouros os tempos felizes que se guarda a sete chaves, qual um escudo, uma proteção às intempéries dos tempos vindouros.

Tomei um banho doce e morno, pintei o rosto, vesti meu melhor vestido e fui ao velório para despedir-me com dignidade de um velho e bom amigo.


Serão caminhos luminosos, Beto, eterno menino. Como aqui, nas terras altas de Brasília, foi o teu. Vai com Deus.

domingo, 26 de abril de 2015

DIÁRIO DE VIAGEM

Dia SETE de MAIO, a partir das 19 HORAS, tem POESIA bacana lá no MARTINICA Café da 303 Norte. Espero você no LANÇAMENTO de meu novo livro VERBO E CARNE, para uma noite de autógrafos, encontro de amigos e muita POESIA como RED AND BLUE.


Red and blue

O milagre do amor,
a beleza de amar
e ser amado.
O sexo sonhado, esperado, desejado,
como o sagrado alimento,
depois de um longo jejum.
A linguagem do amor,
a dança dos corpos,
a busca, a urgência, a tensão.
E depois, o gozo
e depois, o êxtase
e depois, a exaustão.
E então, o sono,
o acordar sereno,
o sentir-se pleno.
Olhar o outro, ao lado,
entregue, lindo, nu
e querer parar o tempo
só para admirá-lo,
só para mais retê-lo
na manhã de um dia azul.



sábado, 4 de abril de 2015

DIÁRIO DE VIAGEM


Uma Páscoa cheia de luz para você.



Sobre ser discípulo

No alto da cruz
apaga-se a vela
e então o vento
ruge e, escura,
a luz se faz e já são três
os dias que se passam em agonia
e em longas noites de vigília e espera.
Trancam o morto, lacram a sepultura.
E ao terceiro dia,
o anjo anuncia:
Ele não está aqui,
ressuscitou como
havia dito. E então
Jesus diz aos discípulos,
conforme as Escrituras:
Ide pelo mundo inteiro e
anunciai a boa nova a toda criatura.