Porque hoje é sábado
Desembarco no Aeroporto Internacional do Galeão, por volta
das 9 horas da manhã de um dia lindo. Hoje é sábado e comemoro antecipadamente
o presente: uma semana inteira para (re) conhecer o Rio, essa cidade amada e,
diria mesmo, idolatrada pela grande maioria dos brasileiros. “O Rio de Janeiro
continua lindo / o Rio de Janeiro continua sendo...” – canto, baixinho, os
versos do baiano Gilberto Gil, imortalizados na canção Aquele Abraço, um hino
de amor e exaltação à “cidade maravilhosa”, como o Rio é conhecido nos quatro
cantos do mundo.
Vou de Frescão, o ônibus executivo do Aeroporto do Galeão
que, pelo preço módico de R$ 13,00, oferece ao visitante um passeio pela
paisagem carioca, passando pelo Centro Histórico até desembocar no Santos
Dumont, o aeroporto doméstico da cidade, que fica no coração do Aterro do
Flamengo – obra fabulosa de arquitetura e paisagismo, ligando o centro da
cidade à praia de Copacabana. O Aterro do Flamengo abriga o MAM – Museu de Arte
Moderna, o Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial e a Praça
Salgado Filho. O pano de fundo dos projetos, assinados pelo arquiteto Affonso
Eduardo Reidy e pelo genial paisagista Burle Marx, são a Baía da Guanabara e o
Pão de Açúcar, dois dos principais cartões postais do Rio, cuja beleza é de
tirar o fôlego.
Do Aeroporto Santos Dumont, o passeio prossegue pelas praias
de Botafogo, Glória, Copacabana e Ipanema, onde desço em plena orla, no exato
ponto onde a Garota de Ipanema foi eternizada nos versos do imortal Vinicius de
Moraes, que uniu definitivamente a poesia à música popular brasileira. Ando
pela praia, puxando minha mala, com uma alegria indisfarçável em minha cara de
turista. A vida parece sorrir nos olhos dos banhistas que seguem em direção ao
mar, na gente bronzeada que corre e anda, a pé e de bicicleta, nos quiosques
espalhados pelo calçadão de pedras portuguesas a nos convidar a sentar e
apreciar tanta beleza.
Peço um coco gelado e deixo a vista se perder nas brancas
espumas do mar, quebrando na praia e na verdura do Morro Dois Irmãos,
contornado pela Avenida Oscar Niemeyer, ao final da Praia do Leblon. “Hoje é
sábado, amanhã é domingo / A vida vem em ondas, como o mar / Os bondes andam em
cima dos trilhos / E Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na Cruz para nos salvar”,
saúdo o dia, embalada pelos versos de “O Dia da Criação”, de Vinicius, nosso poetinha maior, amado incondicionalmente
pelos cariocas e por todos os que amam a poesia, elegem a paixão pela vida e
exultam ante a beleza estonteante dessa cidade de São Sebastião do Rio de
Janeiro.