É só o vento
O vento fala
ao meu ouvido
em língua inaudível,
lufas de vento
de silêncio e cor.
Incorpórea, ouço
os versos malditos:
nenhum verbo
ou substantivo
traduz o amor.
Patética, repilo
o estratagema
de inferir grandeza
Onde só há vertigem,
languidez, torpor.
Solto a caneta
e uso a coragem
para enfrentar
a solidão, minha
fuligem interior.
Dela retiro
a argamassa
com que construo
um templo
de palavras
ao vento
Que afinal me falam
ao ouvido,
lufas de vento
de silêncio e cor.