segunda-feira, 23 de maio de 2016

DIÁRIO DE VIAGEM


Listening to Pink Floyd
on monday afternoon

I wish I was there
Where there are breeze
And such a blue sky
Shinning on
Your body and mine.

I wish I was there,
My dear friend,
Walking on the sand
Wept because of the waves
Washing your soul and mine.

I wish I was there,
Everywhere our hands
Can touch each other,
While the sun dies
On the ocean,
And all that beauty
Seduces our minds.

Amneres

23.05.2016

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

DIÁRIO DE VIAGEM

אוהב

Tentei soprá-la,
Gravá-la em
Ferro e brasa,
Contê-la em cada
Sílaba, no afã
De revelá-la.

Tentei observá-la,
Absorve-lhe o tom
Vermelho,
Espelhar-me
Em seu espelho,
Multiplicá-la.

Tentei 
Fazer minha
Sua fala,
E ao pronunciá-la,
Ter todo sentido
A palavra amor
Dita ao seu ouvido.

domingo, 18 de outubro de 2015

DIÁRIO DE VIAGEM

Nebulosa de Hélice (NGC 7293) ou ´Olho de Deus´



Centro-Oeste

O olho do furacão;
O olho cego de Lampião;
Os olhos furados de Édipo;
E os olhos de Steve Wonder,
Elétricos, compondo hinos;
E os do sábio Simeão
Velando Jesus menino;
E o olho de Deus – divino -
Colorindo o Centro-Oeste
Aos olhos que umedecem,
Humanos e peregrinos.

domingo, 16 de agosto de 2015

sábado, 4 de julho de 2015

DIÁRIO DE VIAGEM


Com a boca
escancarada
cheia de dentes

Ando brigada
Com o poema,
Acho-o bizarro
Chato mesmo,
Até banal,
Sons abstratos
Vomitando signos
– (in)significantes
Significados –
Inventados,
Reinventados,
Abjetos objetos
Semiológicos
De Saussure.

Ando achando
Tudo isso um saco,
Como disseram Raul
E Paulo sobre
O cotidiano.
O poema é ouro
De tolo – penso,
Sentada no trono
Dos apontamentos,
Despejados em
Folhas e teclados,
Para depois,
Repetir:
Consegui,
E daí?

É só mais
Um verso tosco,
É só mais
Um roto traço
Humano,
ridículo,
limitado,
Enquanto
Jorra a dor
Dentro de mim,
E cercas
Embandeiradas
Ainda cobram
Caro o preço
De existir.


   (Inspirado na canção Ouro de Tolo, de Raul Seixas e Paulo Coelho)

sábado, 16 de maio de 2015

DIÁRIO DE VIAGEM


Ensaio poético
sobre as unhas
de Nicolas Behr

Nicolas, hoje
amanheci
roendo as unhas.
Eu, que nunca
as tive.

“Que gosto
tem o
gosto da
angústia”?

A torre de TV
é um dedo
em riste
apontando
o céu.
Quem roeu
as unhas
das mãos postas
da Catedral
de Brasília?

“Restauramos
e recuperamos
unhas
não consertamos
poemas”.

Os dedos
das torres
gêmeas
do Congresso
Nacional
já nasceram
podados.
Suas unhas-garras
crescem
invertidas,
para dentro.
Quando
perfurarem
o núcleo
do solo vermelho
do cerrado,
haverá uma
grande explosão.

“Por que sempre
esse arrancar
pedaços?”.

Por que dói
até sangrar?
Deixa sangrar,
Nicolas,
unhas e sonhos
são irremediáveis.
Quanto mais
roídos, podados,
amordaçados,
tanto mais resistem
e outra vez
rasgam a couraça
e crescem.

“A vida medíocre
escreve
os melhores poemas”.

Será?
Hoje amanheci
triste, Nicolas.
Joga outra vez
teus dedos
esfolados
na cara
do poema
de fraque.

“Fecha a mão
em punho
como quem quer
esmurrar o vazio”.

Um dia,
a lava
escaldante
do poema
estenderá
sua língua
sobre os
palácios da
esplanada.
Brasília arderá
em chamas
e de seu
solo então
jorrarão leite
e mel.

“Todas as revoluções
fracassaram
eu e meu dramazinho
pequeno-burguês
roê-lo
para que fique
menor ainda”.

Nicolas,
posso roer
tuas unhas?


(Os versos em aspas foram transcritos de poemas do livro Eu Tenho Unhas, de Nicolas Behr, com ilustração de Luda Lima, Editora Roedora, 2015)