quarta-feira, 17 de abril de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM

Mas quais são as palavras
Que nunca são ditas



Gosto de brincar
de palavras com
o papel em branco.
Digo-lhe: amar
e ele faz cara
de desdém e diz:
bah, muda o disco.

- Ó branquelo,
a gente já está
na era do pós-CD,
do Ipod, ora se pode
você falar de
bolachão nesse
poema. Só se for
pra fazer rir,
e como não sou
Nicolas Behr,
mudo o tema
da poesia e lhe
proponho falar
de dor e de alegria.

Essa é uma
história sem fim
e não cabe
num poema, diz
o papel almaço
e se arrepia ao
toque da caneta
à minha mão
riscando sua pele
branca como
a luz do dia.

-Então, que tal
falarmos do
indizível prazer
de com você
forjar palavras,
sussurro ao seu
ouvido e ele
enfim se cala
e cede a mim
seu corpo,
espaço sem fim
onde derramo
empíricas palavras.

           (O título é um verso da canção Quase sem querer, de Renato Russo)

domingo, 14 de abril de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM



Vermelho azul


De repente, não posso
mais respirar; então,
corro ao terraço e tomo
um ar rarefeito, quente
e abafado nesse dia
de sol nublado do Cerrado,
nesse Planalto Central
tão longe do mar azul
de minha infância, inocente
ainda da dor de crescer,
e do risco de perder-se
nos labirintos do amor
até faltar no peito o ar
ao lembrar-se de um toque,
transformando em verbo
ardente o rubro corpo
indomável da saudade.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM



Há dias assim...

Há dias assim,
um sol friozinho,
e o canto doce
dos passarinhos
embalando a tarde
a balançar a rede
de dormir.

Há dias assim,
cheios de paz,
a gente vê os raios
atravessarem as nuvens,
e a vida fulge
aquecendo o tempo
a balançar a rede
de dormir.

Há dias assim,
de horas mansas,
e em tudo há graça,
e a alma descansa
assistindo ao vento
balançar a rede
de dormir.

terça-feira, 9 de abril de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM


Pra que rimar amor e dor

O exercício da poesia
tem o poder intrínseco
de reter a alegria
por um instante mais
para além do gozo,
para além do amor
(em toda sua humanidade).

É assistir ao sol nascer
mais uma vez e outra
vez cegar ante tamanha
claridade; ou então
perder o olhar na imensidão
do mar azul e aspirar seu ar
até então embriagar-se.

O exercício da poesia
eterniza o sonho e nos faz
voar, rompendo muros,
cercos, grades; e eleva
o ser aonde a alma
o leve, além enfim da dor
(em toda sua humanidade).

sexta-feira, 5 de abril de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM


Poetweet 41 - Sou carne e alma, meu grande amor, isso é o que sou: matéria e espírito, metade gente e metade bicho, metade gozo, metade dor.

sábado, 30 de março de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM


Caravelas

Olhar o mar
sob o clarão da lua mansa,
sentir o vento encrespar-lhe as águas,
revolvendo-as em mil danças,
sorver-lhe o cheiro,
ouvir-lhe o leve murmurar,
e então pensar:
quem sabe é tempo de bonança,
quem sabe é hora de abrandar
o coração e navegar
nas caravelas da esperança.

segunda-feira, 25 de março de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM


Poetweet 40 - O espírito imortal reencarna na Terra ou segue em evolução por outras plagas eternas (interpela o caos uma etérea voz em mim)?