sábado, 20 de abril de 2013
DIÁRIO DE VIAGEM
Porque há pedras
no meio do caminho
Ossos do ofício
ou
tinha uma pedra no meio do caminho
ou
há que se pagar o preço,
Essas, as idéias
que me tomam
o pensamento,
no momento mesmo
em que me sento
para escrever-te
um verso.
De onde vem
essa voz secreta
a soprar palavras
ao ouvido
de um poeta,
eu te pergunto,
mítico leitor.
É pra estar contigo,
pra te falar
do excelso amor,
poema que persigo
como quimera,
quanto mais distante,
tanto mais sonhada
por minha alma
sedenta do fulgor
da primavera.
Por isso,
quando as geleiras
dos invernos rigorosos
petrificarem tua alma,
deita teus olhos
com calma
na lavra
que te ofereço:
Todo inverno
é passageiro,
por mais que te doam
os ossos,
todo fim é recomeço.
(Ensaio sobre o poema No Meio do Caminho, de Carlos Drummond de Andrade)
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