Se eu falasse
a língua dos anjos
A noite se arrasta
Com seus tentáculos
De sombra e presságios.
O medo é da idade do mal,
Acompanha o homem
Desde o pecado original.
Ontem, na beira-mar, vi
Sua carcaça, maçã carcomida
Rolando em águas rasas.
O anel feito de nuvens
Desfez-se no crepúsculo
E o músculo da face contraiu-se.
Andei léguas de silêncio
Até perdoar. Hoje,
Reaprendi a falar.
Daqui a pouco, amanhece
E cantarei, na língua do sol:
“O amor é bom, não quer o mal,
Não sente raiva ou se envaidece”.
Vem, amor, que é verão,
Em meu coração Nordeste.
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