segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Diário de Viagem


Por quem os sinos dobram

Na convergência
Do centro da cruz
Está Jesus

Toda vez 
Que semeio palavras
Ele as exala

Corpo e alma
Anos-luz
Sóis azuis

Imã
Magma
Foz

Sopra o criador
De parábolas

(Em êxtase
Na tessitura
Da noite escura

Soa em mim
Sua clara voz)

Verbos surgem
Nomes a eles se ligam
Frases se formam do nada
E o milagre se faz

Poesia
É quando os sinos tocam
Em perfeita harmonia

Senhor, faça-se em mim
Tua vontade nessa arte
De ouvir-te e ver-te
Em tudo o que acontece

Como John Donne, 
Tua ovelha humilde
Se entristece
Com a dor de todo homem 

E mais, de qualquer ser vivente
Que essa terra habite

Todo ser que sofre, diminui-me, 
Senhor,  e nele sinto o peso
De tua cruz em mim

“...por isso não perguntes por quem 
os sinos dobram; eles dobram por ti”.

(Em aspas, versos de John Donne, em Meditações VI)

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. O som e a harmonia dos sinos como metáfora para a poesia (um certo outro nome do caminho ao Sagrado) chamam atenção e ativam nossa memória afetiva. Assim como os sinos avisam sobre o que vem, a poesia também cumpre esse papel de profetisa da alma.

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    1. Sim, caríssimo professor e colega de ofício, esses e outros signos parecem convergir para uma linguagem poética universal em conexão com o sagrado. Assim me vêm essas associações. Grande abraço.

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