Sobre prados verdejantes
(para Adélia Prado)
Eu vou reencontrar
Você, poesia,
Ó, Maria; ó, Maria,
Adélia é meu atalho,
De profundis clamavi
Ad te, Domine.
Tira o pecado do mundo
E das minhas entranhas,
O frio no pé do ventre,
O medo persistente
Da perda do amor, em mim.
Ó, Adélia; ó, Maria,
Quando o amor fechar os olhos,
Tenho medo de que tudo murche,
Flores, sonhos, desejos;
Ontem, vislumbrei seu vulto
Embaçado no espelho.
Levantei a saia do sonho
Para que me penetrasse,
Ah, a umidade do amor
E suas frases,
Ahhhhhh, ohhhhhh, ahhhhhh,
Acordar sem ar.
Ó, Maria; ó Maria,
Ser mulher é cavalgar livre
Pelos prados verdejantes.
Poesia é acreditar.
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