sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Diário de Viagem


Êxodos


Pássaros.

O ronco de um trovão,

no alto.

Nuvens esparsas

no céu do planalto.

O toque suave

da mais branda brisa

sobre o corpo cálido.


De alguma forma,

tudo remete

a lonjuras escarlates

de outros tempos

da humanidade,

onde homem e natureza

faziam parte de um mundo

em construção.


Tal um verão

ao sul do equador, 

em terras virgens.

Florestas úmidas 

forradas por bougainvilles.

Fauna de asas,

onde se ouvem os sons

de papagaios, araras

e maritacas.

E tantas outras aves

e animais selvagens

que ali se reproduzem 

e vivem.


Tempos de homens felizes.

Não por estarem isentos

da humana dor

ou por não terem cicatrizes, 

mas por serem parte

de um todo harmônico,

ligados à terra

como as raízes das árvores,

que dela se nutrem

e sobrevivem.


Felicidade,

essa vertigem que sentimos

por alguns segundos

e em busca da qual 

nos levantamos 

e prosseguimos,

todas as manhãs

de nossa viagem.


São como sonhos

esses sutis lampejos.

Versos em bandos

chegando e partindo, 

ritmando os pulsos

e o trote do peito.

Poemas são êxodos. 


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