Êxodos
Pássaros.
O ronco de um trovão,
no alto.
Nuvens esparsas
no céu do planalto.
O toque suave
da mais branda brisa
sobre o corpo cálido.
De alguma forma,
tudo remete
a lonjuras escarlates
de outros tempos
da humanidade,
onde homem e natureza
faziam parte de um mundo
em construção.
Tal um verão
ao sul do equador,
em terras virgens.
Florestas úmidas
forradas por bougainvilles.
Fauna de asas,
onde se ouvem os sons
de papagaios, araras
e maritacas.
E tantas outras aves
e animais selvagens
que ali se reproduzem
e vivem.
Tempos de homens felizes.
Não por estarem isentos
da humana dor
ou por não terem cicatrizes,
mas por serem parte
de um todo harmônico,
ligados à terra
como as raízes das árvores,
que dela se nutrem
e sobrevivem.
Felicidade,
essa vertigem que sentimos
por alguns segundos
e em busca da qual
nos levantamos
e prosseguimos,
todas as manhãs
de nossa viagem.
São como sonhos
esses sutis lampejos.
Versos em bandos
chegando e partindo,
ritmando os pulsos
e o trote do peito.
Poemas são êxodos.
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