domingo, 1 de maio de 2022

DIÁRIO DE VIAGEM

 





Febre e abismo

 

Meu sonho era uma encosta,

Entre ela e o mar, precipícios,

Multidões na praia, abaixo

E o caminho era estreito

Para nós, amor, entre abismos.

 

Pelas rochas espremidos,

Nossos corpos abraçados

Quase fundiam-se ao outro,

Na medida em que avançavam,

Testemunhando o suplício

De outros seres condenados.

 

Quando chegamos à praia,

No mar azul mergulhamos,

Febris e arrebatados

Pelo amor, em benefício.

Mas logo nos enredamos

Na trama dos artifícios.

 

Entre torpes corredeiras

Erraram nossos espíritos

E entrei naquelas águas

Cheias de lodo e de larvas,

E de seres demoníacos.

 

Eu, corajosa, lutava,

Enfrentando os malefícios,

Pois sabia que encontrara

A luz que tanto buscara,

Amor, nesses interstícios

De tempo que nos separa.

 

Hoje, vivo a procurá-la,

Alma irmã da minha alma,

Perdição e paraíso.

 

Amneres

 

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