sexta-feira, 14 de junho de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM


Poetweet 42 - Trepadeira lilás e verde se enrosca nas colunas da tarde, cuja luz imberbe penetra a pele, e se represa em minha alma agreste.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM




Porque o sol nasce pra todos

               (ao claro espírito de Renato Russo)

Hoje, vou ao Bar Beirute, penso, assim que amanheço.
Há horas, o dia raiou no céu de Brasília.
Ao meio-dia, a tarde emergente ainda é fria
E flores se abrem ao relento, arrepiadas
Pela brisa fresca que me arrepia.
"Quando o sol bater / na janela do teu quarto",
Pareço ouvir a voz de Renato Russo
Ecoar pelas janelas do tempo, a despertar
Saudades de outras tardes em outros tempos
- Penso e abro um sorriso ante o azul intenso
Do céu quase perto, quase ao meu encalço.
Hoje, vou ao Beirute, encontrar um velho amigo,
Dos tempos em que se podia ouvir Renato Russo
Cantando num concerto às margens do asfalto.
"Lembra e vê / que o caminho é um só”,
Deixo-me entardecer à luz da melodia,
E essa crônica, enfim, que me perdoe,
Mas hoje o sol nasce pra todos,
Hoje eu posso mudar o mundo,
Hoje não dá pra não ser poesia.

sábado, 20 de abril de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM


Porque há pedras
no meio do caminho


Ossos do ofício
ou
tinha uma pedra no meio do caminho
ou
há que se pagar o preço,

Essas, as idéias
que me tomam
o pensamento,
no momento mesmo
em que me sento
para escrever-te
um verso.

De onde vem
essa voz secreta
a soprar palavras
ao ouvido
de um poeta,
eu te pergunto,
mítico leitor.

É pra estar contigo,
pra te falar
do excelso amor,
poema que persigo
como quimera,
quanto mais distante,
tanto mais sonhada
por minha alma
sedenta do fulgor
da primavera.

Por isso,
quando as geleiras
dos invernos rigorosos
petrificarem tua alma,
deita teus olhos
com calma
na lavra
que te ofereço:

Todo inverno
é passageiro,
por mais que te doam
os ossos,
todo fim é recomeço.

(Ensaio sobre o poema No Meio do Caminho, de Carlos Drummond de Andrade)

quarta-feira, 17 de abril de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM

Mas quais são as palavras
Que nunca são ditas



Gosto de brincar
de palavras com
o papel em branco.
Digo-lhe: amar
e ele faz cara
de desdém e diz:
bah, muda o disco.

- Ó branquelo,
a gente já está
na era do pós-CD,
do Ipod, ora se pode
você falar de
bolachão nesse
poema. Só se for
pra fazer rir,
e como não sou
Nicolas Behr,
mudo o tema
da poesia e lhe
proponho falar
de dor e de alegria.

Essa é uma
história sem fim
e não cabe
num poema, diz
o papel almaço
e se arrepia ao
toque da caneta
à minha mão
riscando sua pele
branca como
a luz do dia.

-Então, que tal
falarmos do
indizível prazer
de com você
forjar palavras,
sussurro ao seu
ouvido e ele
enfim se cala
e cede a mim
seu corpo,
espaço sem fim
onde derramo
empíricas palavras.

           (O título é um verso da canção Quase sem querer, de Renato Russo)

domingo, 14 de abril de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM



Vermelho azul


De repente, não posso
mais respirar; então,
corro ao terraço e tomo
um ar rarefeito, quente
e abafado nesse dia
de sol nublado do Cerrado,
nesse Planalto Central
tão longe do mar azul
de minha infância, inocente
ainda da dor de crescer,
e do risco de perder-se
nos labirintos do amor
até faltar no peito o ar
ao lembrar-se de um toque,
transformando em verbo
ardente o rubro corpo
indomável da saudade.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM



Há dias assim...

Há dias assim,
um sol friozinho,
e o canto doce
dos passarinhos
embalando a tarde
a balançar a rede
de dormir.

Há dias assim,
cheios de paz,
a gente vê os raios
atravessarem as nuvens,
e a vida fulge
aquecendo o tempo
a balançar a rede
de dormir.

Há dias assim,
de horas mansas,
e em tudo há graça,
e a alma descansa
assistindo ao vento
balançar a rede
de dormir.

terça-feira, 9 de abril de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM


Pra que rimar amor e dor

O exercício da poesia
tem o poder intrínseco
de reter a alegria
por um instante mais
para além do gozo,
para além do amor
(em toda sua humanidade).

É assistir ao sol nascer
mais uma vez e outra
vez cegar ante tamanha
claridade; ou então
perder o olhar na imensidão
do mar azul e aspirar seu ar
até então embriagar-se.

O exercício da poesia
eterniza o sonho e nos faz
voar, rompendo muros,
cercos, grades; e eleva
o ser aonde a alma
o leve, além enfim da dor
(em toda sua humanidade).