quarta-feira, 27 de novembro de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM

AVE, MARIA

Hoje é 27 de novembro. Hoje é o Teu dia, o dia de Tua segunda aparição, Há exatos 183 anos, à noviça francesa Catarina de Labouré, na Capela da Medalha Milagrosa, em Paris. O dia em que aprendemos a pedir o Teu amparo, dizendo: Ó Maria concebida sem pecados, rogai por nós que recorremos a vós, inscrito em Tua medalha, cujo modelo Tu própria o ditastes à Catarina.
Carrego essa medalha pendurada ao peito, meu talismã, e carrego a devoção a Ti, Virgem Maria, em meu coração. Nesse dia em que tive a honra de nascer, quero agradecer a Ti e ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, por tantas graças por mim recebidas ao longo desse pouco mais de meio século de existência. Esses anos de tantas graças e tão poucas dores, esses anos de aprendizagem e bonança.
Contigo quero cantar a alegria de viver, proclamando o amor, a solidariedade e a esperança, tendo ao meu lado a bênção dos meus filhos, a bênção da minha inestimável e numerosa família, a bênção dessa igualmente inestimável e numerosa família de amores e de amigos, cultivada ao longo dos anos.
Hoje é dia de festa. Ave, Maria.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM




 Amor é fogo que arde sem se ver

Se eu fosse falar,
Teria tanto a dizer.

Se eu discorresse
Sobre o estado de amar,
Até o êxtase.

Um estado onde
Em se estando, se é ausente
E muito mais se está,
Quando se parte.

Ver-se...

Chama que se acende,
No primeiro instante
Em que se vê o outro.

Ter isso duas ou três vezes,
Ao longo da vida.
E em se tendo uma vez,
Nunca se esquece.

Triste, triste mesmo,
É quem não conhece
Esse estado de perder-se
Dentro do outro.

Isso eu lhe diria
Ao pé do ouvido,
Se eu fosse falar.

sábado, 5 de outubro de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM


Sobre raízes

Ouço em transe os ecos da memória
da canção martelando em minha mente,
como um mantra, um refrão onipresente
nos nascidos da nordestina história,
ouço os feitos de maldição e glória
pela voz dos sertões multiplicado
no cordel de um martelo agalopado
que em meu peito cavalga livremente,
e é por isso que vivo tão somente
para enfim livremente recriá-lo.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM



Poetweet 47 – Fecho os olhos e sorvo seu beijo úmido, seu fluido hálito, seu raro encanto, submisso corpo imerso no corpo mítico do Atlântico.


terça-feira, 20 de agosto de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM


Poetweet 46 – Sopra uma brisa suave e fria na pele da tarde seca,  rachada, arrepiada do cerrado de meu peito, trêmulo de amor e de saudade.

sábado, 17 de agosto de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM






Poetweet 45 – A gata se enrosca na mão que se enrosca na gata; e a vida se enrosca sobre si mesma, e nas cismas da manhã, preguiçosa e erma.

DIÁRIO DE VIAGEM



Poetweet 44 - Tempo de contemplar o mundo pelas pupilas dos olhos do vento, a língua em silêncio, aranha tecendo sua teia no corpo do tempo.

sábado, 10 de agosto de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM






Sobre meu pai

Olho o tempo azul,
quente e seco do cerrado
e lembro-me do homem velho,
digno, de boné, suspensório
e camisa de sábado.
Porque era sábado
aquele dia em minha memória,
véspera do Dia dos Pais,
exatamente como agora.
E foi ali, naquela adega,
escolhendo os vinhos
do almoço, logo mais,
em sua casa, que, há um ano,
despedi-me de meu pai.
Dias depois, ele se foi
e aquela conversa alegre
com o dono da adega
– ambos a comemorarem a vida,
entre histórias e passagens
de suas memórias –
é a última cena
de que me lembro.
E que descanse em paz –
rezo e me despeço do momento,
pois que outra cena do convívio
entre papai e mamãe
já me arrebata o pensamento.
Que lhe sejam perdoados
seus pecados – completo
a oração, com um sorriso,
enquanto desenha-se
em minha memória,
como um quadro bíblico,
a cena de uma extensa
lista de pecados
apresentada a papai
pelo próprio São Pedro,
a barrar-lhe a porta do céu.
Fecho os olhos e quase
posso ouvir o riso maroto
de mamãe, que adorava
fazer-lhe essa ameaça.
E o mais engraçado
é que ele – já velhinho –
morria de medo do castigo.
Íntegro, homem de fé
e de princípios,
meu pai era um eterno
apaixonado: por mamãe,
pela política, pela vida.
Por isso, hoje, nesse dia
de saudade e de bonança,
quero dizer que dele herdei
essa paixão e que, por isso,
sou-lhe grata, também
por tê-lo tido como pai,
a imprimir-me
força e esperança.
- Fica com Deus,
papai, e pede luz
para cada um de nós
que guarda teu legado
na lembrança.



quinta-feira, 4 de julho de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM


Poetweet 43 - Além da dor, além da solidão do féretro, nas partidas; há o amor, chama inextinguível, a nos guiar, na comoção das despedidas.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM




Assim caminha a humanidade

Somente sozinho
O homem se faz
E, por isso, em si,
Dentro de si, ele se basta.

O homem é a tábua
De salvação de si próprio
E do outro, por extensão.

Irmão siamês de si
E de ti, ele te vê
Enquanto o vês,
Em toda extensão
De vossas almas.

Porque nunca é rasa
A cova onde despejais
Dor, ausência, perdição.

O homem é pão e dele
Tu te alimentas e, a ele,
Que de ti retira o substrato
De toda criação.

O homem, sozinho, é
Ao mesmo tempo
Negação e justificativa
De sua existência.

Nasce e morre assim
E sua alma una prossegue
Enfim sua jornada,

Até que reconheça
O que é começo,
O que é estrada,
E o que é fim.

* O título faz homenagem a um clássico do cinema norte-americano de 1956, o último encenado por James Dean, que morreu, aos 24 anos, antes da estréia. Giant, o título em inglês, ganhou no Brasil o título de Assim caminha a humanidade.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM


Poetweet 42 - Trepadeira lilás e verde se enrosca nas colunas da tarde, cuja luz imberbe penetra a pele, e se represa em minha alma agreste.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM




Porque o sol nasce pra todos

               (ao claro espírito de Renato Russo)

Hoje, vou ao Bar Beirute, penso, assim que amanheço.
Há horas, o dia raiou no céu de Brasília.
Ao meio-dia, a tarde emergente ainda é fria
E flores se abrem ao relento, arrepiadas
Pela brisa fresca que me arrepia.
"Quando o sol bater / na janela do teu quarto",
Pareço ouvir a voz de Renato Russo
Ecoar pelas janelas do tempo, a despertar
Saudades de outras tardes em outros tempos
- Penso e abro um sorriso ante o azul intenso
Do céu quase perto, quase ao meu encalço.
Hoje, vou ao Beirute, encontrar um velho amigo,
Dos tempos em que se podia ouvir Renato Russo
Cantando num concerto às margens do asfalto.
"Lembra e vê / que o caminho é um só”,
Deixo-me entardecer à luz da melodia,
E essa crônica, enfim, que me perdoe,
Mas hoje o sol nasce pra todos,
Hoje eu posso mudar o mundo,
Hoje não dá pra não ser poesia.

sábado, 20 de abril de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM


Porque há pedras
no meio do caminho


Ossos do ofício
ou
tinha uma pedra no meio do caminho
ou
há que se pagar o preço,

Essas, as idéias
que me tomam
o pensamento,
no momento mesmo
em que me sento
para escrever-te
um verso.

De onde vem
essa voz secreta
a soprar palavras
ao ouvido
de um poeta,
eu te pergunto,
mítico leitor.

É pra estar contigo,
pra te falar
do excelso amor,
poema que persigo
como quimera,
quanto mais distante,
tanto mais sonhada
por minha alma
sedenta do fulgor
da primavera.

Por isso,
quando as geleiras
dos invernos rigorosos
petrificarem tua alma,
deita teus olhos
com calma
na lavra
que te ofereço:

Todo inverno
é passageiro,
por mais que te doam
os ossos,
todo fim é recomeço.

(Ensaio sobre o poema No Meio do Caminho, de Carlos Drummond de Andrade)

quarta-feira, 17 de abril de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM

Mas quais são as palavras
Que nunca são ditas



Gosto de brincar
de palavras com
o papel em branco.
Digo-lhe: amar
e ele faz cara
de desdém e diz:
bah, muda o disco.

- Ó branquelo,
a gente já está
na era do pós-CD,
do Ipod, ora se pode
você falar de
bolachão nesse
poema. Só se for
pra fazer rir,
e como não sou
Nicolas Behr,
mudo o tema
da poesia e lhe
proponho falar
de dor e de alegria.

Essa é uma
história sem fim
e não cabe
num poema, diz
o papel almaço
e se arrepia ao
toque da caneta
à minha mão
riscando sua pele
branca como
a luz do dia.

-Então, que tal
falarmos do
indizível prazer
de com você
forjar palavras,
sussurro ao seu
ouvido e ele
enfim se cala
e cede a mim
seu corpo,
espaço sem fim
onde derramo
empíricas palavras.

           (O título é um verso da canção Quase sem querer, de Renato Russo)

domingo, 14 de abril de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM



Vermelho azul


De repente, não posso
mais respirar; então,
corro ao terraço e tomo
um ar rarefeito, quente
e abafado nesse dia
de sol nublado do Cerrado,
nesse Planalto Central
tão longe do mar azul
de minha infância, inocente
ainda da dor de crescer,
e do risco de perder-se
nos labirintos do amor
até faltar no peito o ar
ao lembrar-se de um toque,
transformando em verbo
ardente o rubro corpo
indomável da saudade.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM



Há dias assim...

Há dias assim,
um sol friozinho,
e o canto doce
dos passarinhos
embalando a tarde
a balançar a rede
de dormir.

Há dias assim,
cheios de paz,
a gente vê os raios
atravessarem as nuvens,
e a vida fulge
aquecendo o tempo
a balançar a rede
de dormir.

Há dias assim,
de horas mansas,
e em tudo há graça,
e a alma descansa
assistindo ao vento
balançar a rede
de dormir.

terça-feira, 9 de abril de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM


Pra que rimar amor e dor

O exercício da poesia
tem o poder intrínseco
de reter a alegria
por um instante mais
para além do gozo,
para além do amor
(em toda sua humanidade).

É assistir ao sol nascer
mais uma vez e outra
vez cegar ante tamanha
claridade; ou então
perder o olhar na imensidão
do mar azul e aspirar seu ar
até então embriagar-se.

O exercício da poesia
eterniza o sonho e nos faz
voar, rompendo muros,
cercos, grades; e eleva
o ser aonde a alma
o leve, além enfim da dor
(em toda sua humanidade).

sexta-feira, 5 de abril de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM


Poetweet 41 - Sou carne e alma, meu grande amor, isso é o que sou: matéria e espírito, metade gente e metade bicho, metade gozo, metade dor.

sábado, 30 de março de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM


Caravelas

Olhar o mar
sob o clarão da lua mansa,
sentir o vento encrespar-lhe as águas,
revolvendo-as em mil danças,
sorver-lhe o cheiro,
ouvir-lhe o leve murmurar,
e então pensar:
quem sabe é tempo de bonança,
quem sabe é hora de abrandar
o coração e navegar
nas caravelas da esperança.

segunda-feira, 25 de março de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM


Poetweet 40 - O espírito imortal reencarna na Terra ou segue em evolução por outras plagas eternas (interpela o caos uma etérea voz em mim)?

quinta-feira, 14 de março de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM





Poetweet 39 – Francisco I, sucessor de Pedro, soldado de Jesus, que ao Santo de Assis tomes por modelo e aos mais desvalidos alivies a cruz.


terça-feira, 12 de março de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM


Poetweet 38 - Dói e atrai a mim o carma, a mística, o frêmito, o fulgor, a lava, o coma, o rubor, a rima, e ainda o imã da palavra amor.

sexta-feira, 1 de março de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM




“Ah, insensatez, que você fez,
Coração mais sem cuidado...”


Na Torre de TV,
Quem abre os braços
Sou eu, para você
E ainda que os eixos
De nossas curtas vidas
Jamais se cruzem outra vez,
Ainda assim valeu, você e eu,
Durar seria o céu, insensatez.

* O título é um verso da canção Insensatez, da dupla encantada Vinicius de Moraes e Tom Jobim.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM


Poetweet 37 - Sabe quando você fala e o som de sua voz mistura-se ao murmurinho do vento? Assim faz-se um verso, quando corta o pensamento.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM


Poetweet 36 - De minha parte, calo, desculpo, perdoo, peço perdão, dou razão ao outro, só para não perdê-lo: o amor inestimável de um amigo.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

DIÁRIO DE VIAGEM


Poetweet 35 - Quisera ter no peito um órgão como um rim, para filtrar a saudade e derramá-la ao ralo, até perdê-la, dentro da noite sem fim.